Teste de toque: uma maneira de identificar o ouro
- Marcos Vinicius Lourenço Berardinelli
- 4 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
No mercado do ouro, principalmente no de joias e semijoias, é muito importante conhecer a quantidade do metal presente na peça. Essa quantidade de ouro pode ser expressa em quilates (K), representando como a porcentagem da pureza dele. Diferente de quando é aplicada a outras pedras preciosas como o diamante, onde o quilate (ct) é utilizado como unidade de medida de massa, equivalente a 0,2 g.
A quilatagem do ouro é muito simples: é a razão entre a massa de ouro presente e a massa total da peça multiplicada por 24, sendo cada unidade de quilate equivalente a 4,1666 % em pontos percentuais de ouro do total. Ou seja, uma barra ou joia de ouro 24 quilates (ou 24 K) refere-se ao ouro puro (99,9%), enquanto uma peça de ouro 18 K possui 75% do metal em sua composição, sendo que os outros 25% podem ser uma mistura qualquer de outros metais.
Como é muito importante saber a quilatagem de uma peça para poder agregar um valor a ela, é necessário um método para ter uma base da quantidade de ouro presente nela. Existem vários métodos para chegar nesse objetivo, porém um dos mais simples, rápidos e antigos é o teste de toque.
O teste de toque é um teste semiquantitativo, ou seja, ele não é capaz de dar um resultado exato da quilatagem, baseando-se na mistura dos ácidos clorídrico e nítrico, os quais são capazes de dissolver o ouro, porém ele tem apenas a capacidade de mostrar se o ouro presente na peça é, por exemplo, menor que 18 K, maior que 14 K, dependendo da composição dos ácidos utilizados no teste.
Por exemplo, utilizando um ácido de toque para ligas de ouro 18 K em uma peça, existem 3 possíveis resultados dependentes da composição da mesma: se a peça for de latão ou cobre, ou seja, não possuir ouro como base, o ácido reagirá formando um liquido verde; se a peça tiver quilatagem menor do que 18 K, o ácido também vai reagir, alterando a coloração da peça, geralmente deixando-a mais escura; se peça for de quilate igual ou maior do que 18 K, o ácido não vai ser capaz de dissolver o ouro, assim não acontecerá nenhuma reação. Todos esses resultados são dados muito rapidamente, em questão de segundos.
O teste de ouro baseado em misturas de ácidos é um método muito antigo para determinação do teor de ouro. Temos registros desta utilização no Museu de Valores do Banco Central.


Figura 1. Barras de ouro quintado, onde eram representados o quilate (K) e uma área para o teste de toque. Fotos tiradas em visita ao Museu de Valores do Banco Central, Brasília-DF.
Mesmo sendo simples e rápidos, pessoas com pouca experiência podem se confundir e interpretar os resultados erroneamente. Por isso é aconselhável ter peças com quilate conhecidos para que, ao fazer o teste com novas peças, elas sirvam de comparação e assim diminuir a chance de interpretar errado o resultado.
O teste deve ser feito utilizando-se uma pedra de ardósia onde a joia a ser testada é raspada de forma a deixar um rastro, para aumentar a confiabilidade do teste é recomendado utilizar uma “agulha de toque”, instrumento onde é soldado nas pontas ligas de ouro de teor conhecido para fazer o teste junto da peça, nas fotos abaixo podemos ver a utilização do teste para determinar o teor de ouro de um anel enquanto “agulhas de toque” de teor 14K e 18K são utilizadas em conjunto. O teste se dá pelos seguintes passos:

1º Passo
Nesta imagem podemos ver o risco feito na pedra com as “agulhas de toque” de teor 14K (risco à esquerda) e 18K (risco à direita). O anel que se deseja descobrir o teor foi riscado ao centro.

2º Passo
Aplicação do teste de ouro nos três riscos.

3º Passo
Podemos observar o resultado do teste de 14K e 18K. Não houve reação de nenhum traço com o teste de ouro de 14K, portanto todos os riscos possuem teor superior ou igual a 14K.
Apenas o traço da “agulha de toque” de 14K desapareceu com a aplicação do teste de ouro 18K, portanto o anel e “agulha de toque” de 18K possuem teor 18K ou superior.
Além do teste de toque existem outros métodos mais precisos e exatos, como os testes eletrônicos, e também métodos de análise mais robustos, como a fluorescência de raio X e a espectroscopia de absorção atômica. Porém para análises preliminares e rápidas, o teste de toque é eficiente e muito mais acessível.
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